Funk, ritmo derivado da Soul Music. Inspirado no Rythm & Blues e no Gospel. Sofre várias transformações desde as décadas de 50 e 60.
Trata-se da história do funk, originado nos EUA, na segunda metade da década de 60, onde músicos afro-americanos misturavam ritmos como soul, jazz e rythm & blues. Daí criaram essa nova forma dançante, com bastante ritmo!
O funk dessa época traz um groove com ritmo forte, baixo elétrico, bateria no fundo, tirando a ênfase da melodia e harmonia. Destacam-se a cidade de Mêmphis e Detroit como precussoras dessa mistura de ritmos! Os instrumentos típicos da época eram a guitarra elétrica, baixo, bateria, teclados, clarinete e metais.
Formas derivadas - Disco Music, Post punk, House music, Hip Hop, Eletro, Drum & Bass e o Rhythm & Blues contemporãneo.
Ainda na década de 50, o músico Horace Silver resolve testar esses novos ritmos juntando o virtualismo do Jazz às melodias dançantes do Soul. A experiência deu certo influenciando músicos como George Clinton e James Brown.
James Brown, nascido na Geórgia, era cantor, produtor musical, e multi instrumentista. Tornou-se um dos nomes mais importantes da música negra nas décadas de 60 e 70, época em que fora reconhecido não só pela música mas também por ter realizado inúmeros trabalhos sociais em prol da comunidade negra americana.
Em 1966 lançou o single ''Don't be a drop out", como lição para estudantes que queriam desistir dos estudos. Junto ao presidente Lyndon Johnson fez doacões de dinheiro para programas de prevenção de abandono escolar. Um dia depois da morte de Martin Luther King, se apresentou em Boston e lhe foi dado o crédito por evitar uma revolta na cidade, fato documentado no filme "The night James Brown saved Boston". Após isso, o presidente o solicitou a visitar Washington DC, cumprimentando moradores, se apresentou em um concerto beneficente, expressando a noção de que a violência não era o caminho a seguir.
A comunidade negra se comunicava com ele mais do que com qualquer líder do país, sentimento fortalecido com o lançamento do single "Say it loud, I'm black and I'm proud". Continuou a lançar musicas com profundo conteúdo social. Na semana de sua morte, levou presentes para as crianças de um orfanato em Atlanta.
Sua fortuna estimada em 100 milhões de dólares foi centro de uma briga judicial nos EUA, pois ele doou tudo para um fundo destinado à crianças carentes.
O ritmo dessa época está ligado à luta pelos direitos civis nos EUA. As letras contavam o cotidiano da discriminação e da falta de perspectiva dos afro descendentes. À medida que atingia mais pessoas, os negros americanos tinham finalmente um motivo pelo qual se orgulhar, ao ver sua cultura se espalhando por lares brancos.
Chamado pelos governantes americanos para apaziguar manifestações sobre igualdade racial, James é considerado um dos músicos mais influentes do século XX.
No final da década de 70, o cantor Tim Maia foi arriscar a vida nos EUA e quando voltou trouxe influências musicais da música negra americana.
Considerado o rei do Soul brasileiro, “estourou” 4 músicas em apenas 24 semamas nas principais rádios brasileiras, alcançando primeiro lugar na rádio Excelcior na época da ditadura militar. A primeira música que lançou com ritmos “funkeados” foi “Não posso mais ficar” interpretada por seu amigo Roberto Carlos.
Tim Maia trouxe o ritmo funk para o Brasil
O ritmo começa então a conquistar os brasileiros! Assim como Tim Maia, Carlos Dafé e o cantor Tony Tornado também começam a incluir músicas do estilo em seu trabalho, misturando o funk com batidas de músicas brasileiras. Adotaram inclusive, atitudes como o Black Power, introduzindo em seu repertório sucessos do Soul, fundando então o Movimento Black Rio. A paulistana Lady Zu era na época a grande musa do movimento Black Power no Brasil!
Tony Tornado, um dos pioneiros do funk no Brasil
A partir daí, surgiram equipes como a Soul Grand Prix e a Furacão 2000, onde ainda eram usadas vitrolas Hi Fi, que foram crescendo aos poucos. O funk então é reconhecido por ritmos de batidas repetitivas, sincopado e também pela forte seção de metais!
Surge então na década de 70 os primeiros bailes chamados de Bailes da Pesada na zona sul do Rio de janeiro, ao som do DJ Big Boy, onde tocava Rock, Soul, Groove e Funk, na casa de shows Canecão, onde reunia a juventude carioca. Quando o Canecão foi fechado, Big Boy passou a realizar bailes itinerantes da zona sul à zona norte do Rio. Ainda na década de 70, experimenta-se funk com música eletrônica e rock. Com a popularização dos discos de vinil e aparição de aparelhagens mais potentes, os músicos não precisam estar presentes fisicamente para produzir suas músicas. Surgem então os primeiros DJs.
Primeiro baile funk do RJ foi na zona Sul, casa de shows Canecão
Esse gênero vai para as discotecas e influenciam artistas como Michael Jackson. A música “Don’t stop till you get enough” revela a influência da batida funk, daí começa a se espalhar pelo mundo através de grupos como Earth, Wind & Fire, Kool & The Gang, The Gap Band, Commodores, Brass Construction, Lake Side, B.T. Express, Barry White, entre muitos outros.
The Gap Band ( ainda nos EUA) na sequência de James Brown
Kool & The Gang, funk com banda
Já pulando para a década de 80, em grande parte como uma reação contra o que foi visto como excesso de música Disco, muitos dos elementos principais começaram a ser usurpados por máquinas eletrônicas e sintetizadores. Os naipes de metal foram substituídos por teclados sintetizadores, e os metais que permaneceram receberam linhas simples, com pouco solo. Os teclados antigos foram substituídos por novos sintetizadores digitais, caixas de ritmo começaram a substituir os bateristas, assim como tb as linhas de baixo!
Nessa época o funk carioca era influenciado pelo Miami Bass, ritmo da Flórida que além das batidas comandadas pelo DJ, misturava-se ao ritmo eletrônico. As letras abordavam violência e pobreza nas favelas quando foram lançadas musicas em português.
Ainda na década de 80, a batida eletrônica do hip hop, mistura-se à poesia do Rap e as habilidades dos DJs em mesclar batidas repetitivas com melodia.
Fernando Luis Mattos da Mata, conhecido por DJ Marlboro, foi quem introduziu a bateria eletrônica ao gênero musical.
Surgem então os primeiros DJs, os primeiros MCs com a proposta de letras sobre discriminação e direitos civis. O funk começa a falar sobre armas, drogas e os bailes começaram a ficar violentos e se transformar em palco de ‘’brigas de galera”. Surgem também os primeiros festivais das rádios promovendo concursos de música onde os ganhadores tinham suas obras executadas nas principais rádios e programas de TV da época. Os bailes funk também ganham destaque a partir de então.
Baile de corredor, lado A x lado B
Primeiros festivais de funk no RJ
A temática das letras está ligada ao cotidiano da favela e dos subúrbios cariocas. Um bom representante nesse sentido é o Mc Batata que lançou a música “Lá em Acarí” ainda vinculado à estética do Miami Bass, com batidas mais rápidas e erotizadas.
Os DJs Marlboro e Tubarão agitavam geral a “massa funkeira” no Rio de janeiro expandindo rapidamente essa tendência pelo país. As músicas se tornaram mais dançantes e as letras mais sensuais.
Surge então o new funk, tornando-se sucesso no Brasil todo, com nomes como Claudinho e Buchecha, William e Duda, Cidinho e Dóca, Mc Neném, Mc Raposão, entre outros.
Nos anos 90 as letras começaram a mudar a partir de duplos sentidos sugestivos para conteúdos mais gráficos e sexualmente explícitos. Nos EUA, os derivados do funk como o rap e hip hop tiveram uma fusão com funk rock, entre guitarras distorcidas como Red Hot Chilly Peppers, Primus e Linkin Park.
Nesta época no Brasil, funk começa a ser usado para pedir direitos civis, como exemplo o “Rap das armas” dos funkeiros Cidinho e Doca. A pressão da polícia e da imprensa fez com que criassem uma CPI na Assembléia do Rio entre 99 e 2000, para acabar com a violência em grande parte dos bailes.
Nos anos 2000, o funk passa por mudanças não somente na periferia, mas agora também toma conta das casas noturnas, academias e outros lugares frequentados pela classe média.
Os tipos de bailes:
1 - Bailes em casas de show;
2 - Bailes de equipes;
3 - Baile de favela (mostrando como funciona, como é o monitoramento, tipos de músicas que tocam, apologia às drogas, fala sobre igreja, religião, o respeito, músicas de facções, o que os Mcs podem ou não cantar nas comunidades, as equipes, drogas, o tráfico, a polícia, etc. Pode-se citar Baile do Mandella, 5 Bocas, Nova Holanda, Parque união, Arará, Árvore seca, Fazendinha, Baile da pena, Baile da Disney, baile da Argentina, entre outros no RJ. Bailes de São Paulo como Marcone, DZ7, baile do Bega e Helipa;
4 - Máfia dos Bailes, dos DJs, envolvendo jabás para tocar as músicas que viram sucesso;
5 - O funk do morro ao asfalto, como conseguiu integrar de um modo não usual as diversas classes sociais. Como caiu nas graças da massa jovem, ganhou espaço fora do Rio, alcançando reconhecimento internacional e que vem se firmando como um ritmo forte e crescente, sofrendo o mesmo preconceito do samba em seu começo.
As vertentes do Funk
O funk carioca – As primeiras melodias desse gênero musical no Brasil vieram do Rio de janeiro. Variam de 130 a 170 bpm.
Funk Ostentação – Surgiu nos subúrbios de São Paulo em 2010, exaltando o consumismo exagerado, canções que se referem a luxo, carros, dinheiro, jóias, mulheres pomposas, sugerindo o desejo da população das periferias a melhorar de vida, sair das favelas e poder consumir produtos caros, que antes só os ricos tinham acesso.
Funk Social (consciente) – Muitas vezes comparado ao Rap, seu principal objetivo é mostrar através das músicas, o problema sócio- econômico e o descaso do governo com a população menos favorecida.
Funk Pop – É o destino final dos artistas que acabam conseguindo destaque no espaço nacional e internacional da música. Muitos migraram para esse gênero de deixaram de usar a nomenclatura “Mc”, que para quem não sabe significa Mestre de Cerimônias. Como foi o caso das cantoras Anitta e Ludmilla, o cantor Naldo, entre outros.
Funk Putaria – mais tocados em baile de favela, já que suas letras falam de sexo explícito.
Funk Proibidão – fala sobre as facções, os chefes, às vezes citando nomes, fala dos inimigos, a realidade nas comunidades, coisas que causam revolta no povo, muitas vezes esquecido pelos governantes.
Estilos de funk de SP como Bruxaria, Automotivo, Mandelão, entre outros.
No ano de 2017, uma sugestão do projeto de lei que criminaliza o funk, chegou a alcançar 20 mil assinaturas, número mínimo para que uma proposta seja encaminhada para a comissão de direitos humanos e Legislação participativa, debatido por senadores. Projeto de autoria do empresário Marcelo Alonso que classifica o funk como crime à saúde pública, à criança, ao adolescente e à família.
Sobre os Mcs
O significado de Mc, as conquistas dos que ficaram ricos com o funk, assim como seus produtores empresários, músicas de sucesso, Os artistas que tiveram suas músicas no topo e depois ficaram esquecidos no tempo, a realidade do dia a dia, as experiências, as submissões para chegar ao sucesso, eventos engraçados e inesquecíveis, as ”roubadas”, assuntos variados.
Entrevistas
Primeira fase do funk carioca.
- Verônica Costa
- Mc Gallo da Rocinha
- Mc Neném
- Mc Cacau
- Mc Marcinho (in memorian)
- Buchecha
- Claudinho (in memorian)
- William do Borel
- Mc Cidinho, o General
- Mc Bobo (Roda de Funk)
- Mc Raposão (in memorian)
- Mc Dieddy
- Marcio G (Marcio e Goró)
- Rony ( Rony e Baby)
- Bob Rum
- Marcelo da Cyclone
Segunda fase do funk carioca.
- Mc Cula
- Mc Mascote
- Sabrina da Provi
- Mc Copinho
- Mc Smith
- Flavinha Pit Bull
- Silvia Catra ( representando Mr Catra)
- Black Sabará
- Claudia Mel
- Mc Tevez
- Mc Paty
- Tati Quebra o Barraco
- Robinho da Prata
- Mc Kátia (in memorian)
- Mc Nem
- Mc Talibã
- Mc Will Catchorro
- Naldo Benny
- Mc Frank
- Mc Tikão
- Mc Marcelly
- Mc Debby
- Mc Colibri
- Mc Preto
- Mc Gorila
- Menor do Chapa
- Mc Tigrão
- Juliana Fogosa
- Mc Xaninha
- Waleska Popozuda
- Carol de Niterói
- Kadu e as Gatinhas
- Garota X (primeira trans a cantar funk no Brasil)
- Jonathan Costa
- Mc Dido
- Mc Créu
- Ludmilla
- Mc Cristiane
- Anitta
- Mulher Filé
- Mc Magrinho
- Nego do Borel
- Mc Lipe (Os Magrinhos)
- Mc TH
- K9
- Mc Tarapi
- Deise Tigrona
- Mc Rico do Cabaré
- Mc Pato Roco
- Mc Caçula
Terceira fase do Funk carioca.
- Mc PQD
- Mc Pose do Rodo
- Felipe Ret
- Mc Rodson
- Hungria
- Mc estudante
- Mc Monik do Pix
- TZ da Coronel
- Mc Cabelinho
- Mc Maneirinho
- Mc Gut
- Oruam
- Pocah
- Kevin, o Cris
- Jojo Todynho
Mcs de São Paulo
- Mc Lan
- Mc Delux
- Mc Ryan
- Mc Daniel
- Mc Hariel
- Mc Kadu
- Mc Paiva
- Mc Neguinho do Kaxeta
- Mc Bola
- Mc Kevinho
- Mc Davi
- Gabbi Mc
- Mc Drika
- Mc Danny
- Mc Melody
- Mc Paiva
- Mc Mirella
- Mc GH do Mandelão
- FPMohammed
- Mc Antony
- Pipokinha
- McWL da VSJ
- Mc Restrito
- Carol 011
- Mc Medusa
- Mc Antony
Djs de São Paulo
- DJ Dayeh
- DJ Lorrayne
- DJ João Marconex
- DJ GHR
- DJ K
- DJ Dacattani
- DJ Gordinho da VP
- DJ BRN
- DJ GHS
-DJ Duh 011
- DJ Topo
- DJ Abdo
- DJ Gordão do PC
- DJ BRN
Nova geração do funk.
- Mc DV (SP)
- Nczin(RJ),
- Marcelin DJ(RJ),
- DJ Victor GTR( RJ),
- Pyetro DJ (RJ)
Os Grupos de Funk ( Bondes)
- Os Magrinhos
- Os havaianos
- Os Ousados
- Bonde do Tigrão
- Bonde do Vinho
- Os Carrascos
- Bonde das maravilhas
- Os Criaz da Rocinha
- Os Novinhos
- Avassaladores
- Bonde das Maravilhas
- Jaula das Gostozudas
Os Djs que fizeram história no Rio de Janeiro
- Dennis DJ
- DJ Mancha
- DJ Marlboro
- DJ Tubarão
- DJ Robson Leandro
- Grand Master Rafael
- Batutinha
- DJ Jaburu
- DJ Chakall
- Rick Joe
- DJ Batata
- DJ Bel da CDD
- DJ Junior da Prov
- DJ Wagner do Jaca
- DJ Renan da Penha
- DJ Zulu
- DJ Phato (Baile da Disney)
- DJ LZ
- DJ Biel do Furduncinho
- DJ Iasmin Turbininha
As principais equipes do Rio de Janeiro
Furacão 2000
Equipe Pipo’s
Equipe Cash Box
A Cuca Impiedosa
Dragão Bolado
Via Show Digital
O Kakarecão
ZZ
A Gota
Pit Bull
Dançarinos e dançarinas que fizeram sucesso no funk do Rio de Janeiro
- Mulher Melancia
- Mulher melão
- Moranguinho
- Mulher Jaca
- Marcelly Morena (primeira trans a dançar funk no RJ)
Demais Estados
Ceará
DJs - Cambota, J5, Junior Fama, Guthemberg e DJ Kamui.
MCs - Nick Sol, Mek Miller, Xandinho e Bacana.
Pernambuco
DJs - DJdaFT e DJ Malícia.
MCs - Mc Klebinho, Dadá Boladão, Leon PX, Mc Tubah e A+D1000
Amazonas
DJ Panza
MC K12, o Rei da Ousadia
Rio Grande do Sul
DJs - Wr Beats, DJ Danni Martin.
MCs - Felipinho, Mc Tchesko.
Goiás
DJ Jirayauai.
MCs - Jacaré e Rick da VS.
Minas gerais
Djs - Wesley Gonzaga, WS da Igrejinha, DJ Viana, DJ Gui Marques, DJ Leo LG.
MCs - Anjim, Mc Rick, L da vinte, Mc menor, Mc Zaquin, Mc Mika, Mc CJ.
Projeto do documentário em Formato Mini Série com 16 capítulos.
Vida de Mc, a verdadeira história do funk.
Autora: Flávia Carneiro Dias ( Mc Flavinha Pit Bull ).